Recuperação Judicial do Grupo Montesanto Tavares: Impactos no Mercado de Café Arábica

Recuperação Judicial do Grupo Montesanto Tavares: Impactos no Mercado de Café Arábica

A Justiça de Minas Gerais deu sinal verde para a recuperação judicial do Grupo Montesanto Tavares (GMT), um dos gigantes do café arábica no Brasil, responsável por nada menos que 8% das exportações nacionais desse grão tão apreciado.

O juiz Murilo Silvio de Abreu, da 2ª Vara Empresarial de Belo Horizonte, oficializou a decisão no dia 19 de março. Essa medida abrange quatro empresas do grupo: Atlântica Exportação e Importação, Cafebras Comércio de Cafés do Brasil, Montesanto Tavares Group Participações e Companhia Mineira de Investimentos em Cafés. Juntas, elas buscam reestruturar uma dívida que chega a impressionantes R$ 4,96 bilhões, acumulada desde a crise climática que devastou a safra de 2021/22.

Não deixe de ler: Grupo AZZAS 2154 S.A. anuncia ajustes estratégicos no seu portfólio de marcas

Dívidas e credores: a crise financeira do GMT

As dificuldades financeiras do GMT vieram à tona no final do ano passado, quando o grupo obteve uma proteção judicial temporária contra execuções por 60 dias. Essa medida foi estendida por mais 30 dias, mas não foi suficiente para um acordo extrajudicial com os credores, levando ao pedido formal de recuperação judicial em 25 de fevereiro deste ano.

A situação se complicou ainda mais nos últimos 12 meses, com a alta histórica nos preços do café, que acumularam valorização superior a 120%, combinada com a desvalorização do real frente ao dólar.

Um ponto de destaque nesse processo é a disputa sobre os Adiantamentos sobre Contrato de Câmbio (ACCs). Normalmente, esses instrumentos financeiros não se sujeitam a recuperações judiciais por serem vinculados a operações de exportação. No entanto, o GMT obteve uma vitória significativa quando o Tribunal de Justiça de Minas Gerais concedeu liminar determinando que o “stay period” abranja também esses contratos.

Para agregar conhecimento: O impacto da inflação no poder de compra e estratégias para o varejo se adaptar

Impactos da recuperação judicial no mercado de café arábica

O advogado Daniel Vilas Boas, representante do grupo, argumentou que os ACCs do GMT “não são verdadeiros adiantamentos”, mas sim “empréstimos comuns”, sem vinculação a operações específicas de exportação.

A lista de credores é encabeçada pelo Banco do Brasil, com aproximadamente R$ 742 milhões a receber, seguido pelo Santander (R$ 159 milhões) e pelo Banco Pine (R$ 154 milhões). Outras instituições como Bradesco, BTG Pactual, Itaú Unibanco, Banco do Nordeste e empresas como a Cargill também estão entre os credores que aguardam a reestruturação das dívidas.

Com a decisão favorável, o juiz nomeou dois administradores judiciais para atuar conjuntamente: o escritório Paoli e Balbino & Barros Sociedades de Advogados, representado por Otávio de Paoli Balbino, e a Credibilita Administração Judicial e Serviços, representada por Alexandre Correa Nasser de Melo. Eles serão responsáveis por fiscalizar as atividades do grupo durante o processo.

Leia também: Nova marca no mercado – Atto Primo: Licor de Pistache de Qualidade Premium

Quais os próximos passos para o Grupo Montesanto Tavares?

Agora, o GMT tem 60 dias para apresentar seu plano de reestruturação, que precisará ser aprovado pelos credores em assembleia. Enquanto isso, todas as ações e execuções contra o grupo permanecem suspensas por 180 dias, descontado o período já concedido anteriormente.

O GMT possui unidades operacionais e escritórios em três cidades mineiras: Caparaó, Patrocínio e Manhuaçu.

Este é um momento crucial para o Grupo Montesanto Tavares, que busca superar os desafios financeiros e continuar sua trajetória como um dos principais players do mercado de café arábica no Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *