Simbolismo da Pirataria: O Que Está Por Trás do Comportamento do Consumidor?
O quão forte é uma marca para que alguém decida pirateá-la? Quando falamos de pirataria, o primeiro pensamento geralmente é a imitação de produtos de luxo—bolsas, roupas, relógios—onde o desejo de status e exclusividade leva consumidores a buscar alternativas mais baratas. Nesse caso, a equação é relativamente simples: o consumidor quer a experiência simbólica da marca, mas sem o custo real associado a ela.
No entanto, há um fenômeno ainda mais intrigante: quando marcas pirateiam outras marcas.
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A “Pirataria” Entre Empresas: Quando Marcas Copiam Marcas
Recentemente, um caso me chamou a atenção. A Bubbaloo, um chiclete icônico dos anos 90 e 2000, ficou um tempo esquecido, mas voltou ao holofote impulsionado pela tendência de nostalgia no consumo. Esse movimento foi especialmente fortalecido por colaborações estratégicas da Cimed, que trouxe fragrâncias e sabores retrôs para seus produtos, reacendendo memórias afetivas dos consumidores.
O mais curioso é que uma marca de cosméticos decidiu entrar nessa onda e lançou um produto cuja identidade visual remete diretamente à tipografia e ao universo de Bubbaloo—mas sem qualquer associação oficial. O objetivo? Capturar a atenção dos consumidores que têm uma conexão emocional com a marca original e desejam transportar essa sensação para um novo contexto: um cosmético com o “cheiro de Bubbaloo”.
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Por Que Isso Funciona?
Esse tipo de apropriação não é apenas uma jogada de marketing oportunista, mas sim uma demonstração de como marcas podem viver além dos seus próprios produtos. Bubbaloo não é apenas um chiclete, ele se tornou um símbolo afetivo. E símbolos são extremamente valiosos no consumo.
Ao utilizar elementos visuais e sensoriais de uma marca icônica, a empresa de cosméticos não vende apenas um shampoo ou um creme, mas sim um pedaço de memória. O cheiro de Bubbaloo remete à infância, à diversão, à doçura de momentos passados. E quando o consumidor escolhe esse produto, ele está comprando mais do que um aroma—está adquirindo um fragmento de experiência emocional.
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O Limite Entre Inspiração e Pirataria
Esse caso levanta uma questão importante: quando essa estratégia passa de inspiração para apropriação indevida? Marcas que fazem colaborações oficiais (como a Cimed) criam valor para ambas as partes envolvidas e garantem a autenticidade da experiência. Já quando uma empresa simplesmente se apropria da identidade visual ou do conceito de outra sem autorização, ela flerta com a pirataria corporativa.
Para o consumidor, a diferença pode não ser tão clara. Afinal, se a sensação é entregue—seja pela aparência, pelo cheiro ou pela embalagem—, a experiência emocional pode ser suficiente para convencê-lo. Mas para as marcas originais, essa prática pode ser prejudicial, pois dilui sua identidade e permite que terceiros lucrem sem contribuir para a construção da marca original.
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Conclusão
A pirataria, seja no luxo ou no consumo cotidiano, revela a força do simbolismo das marcas. Se um produto é copiado, seja por falsificadores ou por outras empresas que surfam na sua estética, isso significa que ele tem um valor intangível que vai além de sua função prática.
No fim, esse fenômeno levanta uma reflexão interessante: o que realmente compramos quando adquirimos um produto? O objeto em si ou a experiência simbólica que ele carrega?