As empresas familiares são a espinha dorsal da economia global e, no Brasil, representam cerca de 90% das empresas, contribuindo com 65% do PIB e empregando 75% da força de trabalho nacional. No entanto, os desafios de gestão e sucessão fazem com que apenas 36% dessas empresas sobrevivam à segunda geração, 19% alcancem a terceira e apenas 7% cheguem à quarta geração. Diante desse cenário, o Modelo dos Três Círculos, desenvolvido por John Davis e Renato Tagiuri, tornou-se uma ferramenta essencial para compreender e estruturar a governança das empresas familiares.
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Entendendo os Três Círculos
O modelo destaca a interseção entre família, propriedade e negócio, reconhecendo que cada uma dessas dimensões possui objetivos distintos e, quando não bem alinhadas, podem gerar conflitos que ameaçam a perenidade do empreendimento.
- Família – Representa o grupo de parentes ligados emocionalmente ao negócio, seja diretamente na gestão, seja apenas como herdeiros ou influenciadores indiretos. Aqui residem os valores, a cultura e os relacionamentos que moldam a dinâmica empresarial.
- Propriedade – Engloba os acionistas, que podem ser membros da família ou não, e que exercem o poder de decisão sobre o futuro do negócio. A estrutura de propriedade define quem tem direito a dividendos, participação nas decisões estratégicas e responsabilidades sobre a perenidade da empresa.
- Negócio – Refere-se à operação em si, que deve ser eficiente, lucrativa e inovadora para garantir competitividade e sustentabilidade a longo prazo.
A interseção desses três círculos dá origem a sete grupos distintos de stakeholders, cada um com expectativas e desafios específicos, que devem ser considerados na governança.
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Os Desafios das Empresas Familiares e o Papel da Governança
O modelo dos três círculos é tão relevante porque ajuda a estruturar a governança empresarial, evitando problemas como:
- Conflitos entre familiares e gestores – Muitas vezes, a linha entre decisões empresariais e laços familiares se torna tênua, gerando disputas internas e impactando a gestão.
- Falta de profissionalização – Empresas familiares tendem a ter dificuldades em separar o laço familiar da meritocracia, o que pode comprometer a eficácia da gestão.
- Planejamento sucessório deficiente – A falta de preparação das futuras gerações leva às altas taxas de mortalidade empresarial após a transição de liderança.
- Desalinhamento de interesses entre propriedade e gestão – Nem sempre os herdeiros têm interesse ou competência para gerir a empresa, o que pode levar a decisões prejudiciais ao negócio.
Para mitigar esses desafios, uma governança bem estruturada precisa ser implementada, utilizando ferramentas como:
- Conselho de Administração – Para garantir estratégias empresariais alinhadas com a perenidade do negócio.
- Conselho de Família – Para administrar expectativas dos familiares, definir valores e regras de participação.
- Acordo de Acionistas – Regulando direitos, deveres e regras para entrada e saída de sócios.
- Planejamento sucessório – Preparação de herdeiros para funções estratégicas, garantindo a continuidade e evitando rupturas bruscas.
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Liderando com Consciência e Estratégia
Empresas familiares de sucesso são aquelas que conseguem equilibrar as três dimensões do modelo de Davis, adotando boas práticas de governança para garantir continuidade e crescimento sustentável.
A transição de gerações pode ser um momento crítico, mas também uma oportunidade única de renovação e fortalecimento do legado familiar. Cabe aos líderes empresariais garantir que esse processo seja conduzido com estratégia, profissionalismo e respeito às diferentes perspectivas dentro da organização.
O segredo das famílias empreendedoras, como bem destacado por John Davis, está na capacidade de integrar os três círculos sem perder a identidade e a competitividade do negócio.
Se você atua em uma empresa familiar e deseja fortalecer a governança para garantir sua perenidade, agora é o momento de iniciar essa jornada. Afinal, a continuidade não é resultado do acaso, mas de uma gestão consciente e bem planejada.